Islândia, parte 2: Reykjavík, a capital

Quem pretende visitar a Islândia não procura turismo de cidade, procura acima de tudo maravilhas da natureza. A capital Reykjavík, acaba por ser quase de forma acidental o ponto de entrada no país, e sobretudo porque se situa numa zona de onde se parte à exploração de alguns dos seus pontos mais importantes.

Após os três dias passados no norte, por Akureyri e Húsavík, fixei-me na capital os restantes seis e em tours organizados, fiz vários circuitos. Sobraram dois dias completos para explorar a cidade, mais a manhã do dia de regresso a casa, tempo mais que suficiente para ficar com uma ideia bem formada de Reykjavík.

Reykjavík, estrada marginal, junto da Baía Faxaflói, vista do ar

A cidade é pequena, possui cerca de 123 mil habitantes, pertence a uma área metropolitana que engloba várias cidades que totalizam cerca de 216 mil habitantes: Seltjarnarnes, Kópavogur, Garðabær e Hafnarfjörður, são assim chamadas. Quando saímos de Reykjavík de manhã, num tour, de autocarro, para visitar os pontos turísticos da região, observamos o tráfego intenso, em sentido contrário, que faz lembrar o nosso IC19, de carros a entrar na cidade. Muita gente a caminho do trabalho...

Começando a visita pela Colina Öskjuhlíð, pelo Perlan, um moderno edifício, contendo um planetário, um museu de História Natural e uma caverna de gelo, lá do alto podemos avistar ao longe toda a envolvente urbana banhada pela Baía Faxaflói.

Reykjavík, vista desde Perlan na Colina Öskjuhlíð

Visitar o Perlan é um excelente forma de nos inteirarmos acerca das maravilhas da natureza que este país tem para nos oferecer

Reykjavík, Perlan

Reykjavík, Perlan, caverna de gelo

No Centro histórico, muito interessante, com inúmeras casas coloridas, tradicionais destas latitudes, contrastando com modernos edifícios, e várias ruas subindo à torre, subindo à torre a Igreja Hallgrímskirkja, o ex-libris, podemos observar de perto, bonitas vistas sobre toda esta parte da cidade.

Reykjavík, vista desde a torre da Igreja Hallgrímskirkja com a Baía Faxaflói em destaque

A Igreja Hallgrímskirkja é um templo luterano da Igreja nacional da Islândia. Possui 74,5m de altura, sendo maior igreja e a sexta estrutura mais alta do país. Foi inaugurada em 1986. Obra do Arquiteto Guðjón Samúelsson, que a concebeu por forma a simbolizar montanhas e glaciares, com as suas hexagonais de basalto. Na sua entrada podemos observar a estátua de Leif Erikson, um explorador, que é considerado o primeiro europeu a chegar à América do Norte. A Islândia, pertence à Europa, mas somente em termos políticos, pois parte do seu território localiza-se já no Continente Americano.

Reykjavík, Igreja Hallgrímskirkja

Reykjavík, Igreja Hallgrímskirkja, estátua de Leif Erikson

Reykjavík, Igreja Hallgrímskirkja, interior

Percorrendo a Sæbraut, uma das ruas mais importantes, que é a estrada marginal, além do Farol Amarelo, encontramos a escultura de um barco viking, o Sólfar. Muito antes dos turistas, os Vikings, quando por aqueles lados desembarcaram, descobriram várias nascentes de água quente, daí terem chamado de Reykjavík àquela cidade, pois o nome traduz-se por "baía fumegante".

Reykjavík, Sólfar, escultura de um barco viking na Sæbraut, a estrada marginal, junto da Baía Faxaflói

A Laugavegur é a principal rua comercial e a Skólavörðustígur, a tal Rua Arco íris, que nos leva até até à Igreja Hallgrímskirkja.

Reykjavík, Skólavörðustígur, a Rua Arco íris, ao fundo a Igreja Hallgrímskirkja.

Reykjavík, Skólavörðustígur, a Rua Arco íris, ao fundo a Igreja Hallgrímskirkja

Reykjavík, Laugavegur, a principal rua comercial

O Lago Tjornin que se encontrava gelado, e por esse motivo foi o meu local predileto da cidade, localiza-se nas imediações da Câmara Municipal, com a estátua do "Burocrata Anónimo" na sua entrada. Lá como cá, os serviços públicos são satirizados pelos mesmos motivos.

Reykjavík, Lago Tjornin

Reykjavík, Câmara Municipal nas margens do Lago Tjornin

Reykjavík, Lago Tjornin

Reykjavík, Câmara Municipal nas margens do Lago Tjornin

Reykjavík, Estátua do Burocrata Anónimo

Por aqueles lados, podemos encontrar além do Parlamento, a Residência oficial do Primeiro Ministro e a Residência oficial do Presidente da República. Edifícios governamentais onde podemos circular ao perto, sem qualquer importuno de polícias ou seguranças!

Reykjavík, Residência oficial do Primeiro Ministro

Reykjavík, Parlamento

Impossível não reparar na moderna sala de concertos, a Harpa, que sobressai pela sua arquitetura, sede da Orquestra Sinfónica Nacional.

Reykjavík, Harpa

Reykjavík Harpa

Reykjavík, Harpa

Ali perto existe um farol, onde é possível com alguma sorte observar auroras boreais, mas para isso, o ideal será fazer um tour para longe da cidade...

Reykjavík, Auroras boreais, mesmo tímidas, deu para ver algo

Laugardalsvöllur é assim chamado o Estádio Nacional. Será difícil visitar estádios de futebol, sobretudo com história, localizados mais a norte que este. Ali Cristiano Ronaldo, em Junho de 2023, na qualificação para o Euro 2024 da nossa Seleção Nacional, marcou o golo da vitória, por 1-0, validando somente com recurso ao VAR e quase ao cair do pano. Foi este o motivo porque considerei interessante juntar este estádio ao meu palmarés. Localiza-se já fora do centro da cidade.

Reykjavík, Laugardalsvöllur, o Estádio Nacional da Islândia.

Reykjavík, Laugardalsvöllur, o Estádio Nacional da Islândia. Foi ali naquela baliza o golo de CR7

Reykjavík, Laugardalsvöllur, o Estádio Nacional da Islândia.

Voos:

Desde Lisboa

A PLAY Airlines voa direta de Lisboa para Reykjavík. Paguei i/v cerca de 240€ (compra em 10/11/2023, viagem em 23/2/2024, sem bagagem de porão).

O Aeroporto Keflavík, é internacional, localiza-se a cerca de 50 Km de Reykjavík. Para chegar a Reykjavík, a forma mais económica, é reservar um transfer, de autocarro, numa das companhias existentes, a Reykjavík Excursions ou a Airport Direct. É possível fazê-lo pela plataforma Get your Guide. Os turistas que visitam a Lagoa Azul, dada a sua proximidade com o Aeroporto Keflavík, normalmente fazem-no quando viajam de ou para o mesmo. Existem serviços de transfer entre o Aeroporto Keflavík e a Lagoa Azul, e entre esta e Reykjavík, podendo marcar-se através da companhia Destination Blue Lagoon, sendo também possível fazê-lo pela plataforma Get your Guide.

Os voos provenientes de Lisboa, aterram no Aeroporto Internacional Keflavík pelas 2h30 (manhã). A minha opção foi ficar à espera no terminal e daí apanhar o transfer para a Lagoa Azul. Marquei assim, transfer às 7h30, entrada na Lagoa Azul às 9h. Posteriormente transfer para o Aeroporto Doméstico de Reykjavík às 14h15.

Aeroporto Keflavík

Dentro da Islândia

A Icelandair efetua diversos voos domésticos. Entre Reykjavík e Akureyri, paguei i/v, cerca de 170€ (reservado via Edreams com cerca de 20 dias de antecedência) Reykjavik é servido por um aeroporto doméstico tal como Akureyri. Localizam-se próximos do centro da cidade e são minúsculos. Percorri esse caminho a pé!

Alojamento

Se procuram alojamento económico, em quartos partilhados, recomendo o Bus Hostel Reykjavik. Localizado perto do terminal, a cerca de 1,5Km do centro da cidade. Ambiente jovem, staff multinacional e muito atencioso e com possibilidade de marcar tours na receção.

Comer e beber

Se há países onde a alimentação custa ouro, na Islândia deve custar diamante! Mesmo no supermercado os alimentos são caríssimos. A cadeia de supermercados Bónus é a que possui os preços mais baixos, porém o horário de funcionamento é mais reduzido. A cadeia Sbarro de supermercados está aberta até mais tarde, servindo também comida quente, pizas e cachorros por exemplo.
Ir a um restaurante, então, é garantia de sair depenado!

O fast food é o recurso mais que óbvio, podendo uma refeição custar na casa dos 25€. O cachorro Islandês cujas salsichas incluem carne de cordeiro na sua composição, segundo dizem, feito com produtos naturais, pois a carne provém de animais criados no meio da natureza. Nestes dias pela capital, além, da sopa de cordeiro, a kjötsúpa, provei o famoso borrego islandês, bastante saboroso, surtla assim se chamam as costoletas de borrego e também o Fiscur og franskar, ou seja o bacalhau frito.

Apesar do frio, os gelados islandeses são deliciosos, não deixem de provar. E no campo da doçaria os chocolates, com vários sabores e com sal marinho na sua composição. Dois produtos tendo como ingrediente comum, o leite de vaca. Vacas nacionais, obviamente!
Kæstur hákarl não cheguei a experimentar, não sei se teria coragem pois consta-se ter um cheiro intenso a amoníaco! Trata-se de carne de tubarão fermentada. Os tubarões são geralmente tubarões da Groenlândia e a sua carne é venenosa, a menos que seja fermentada. O processo dura entre 5 e 6 meses e envolve a suspensão e a cura da carne. Faz parte do Þorramatur (Þ=th) que é o prato nacional, sendo um conjunto de iguarias, que incluem também súrsaðir hrútspungar (escroto de ovelha curado, incluindo testículos), svið (cabeças de ovelha), lifrarpylsa (salsicha de fígado de ovelha, feita com vísceras), blóðmör (gordura de sangue), harðfiskur (peixe seco como bacalhau e arinca), servido com manteiga, rúgbrauð (pão de centeio), hangikjot (carne pendurada, normalmente borrego fumado), lundabaggi (gordura de borrego) e selshreifar (barbatana de foca)...eu não provei, mas desafio os corajosos que viagem para a Islândia a fazê-lo! Depois contem a vossa experiência...

O Hlemmur Mathöll, famoso "food market", localizado no início da Laugavegur, foi o local onde fiz as minhas refeições de gastronomia islandesa. É dos sítios mais em conta, mas mesmo assim, preparem-se para pagar mais de 25€ por um prato, e mais de 15€ por uma sopa!

Quanto às bebidas alcoólicas, não se deve esquecer que na Islândia o consumo de cerveja foi proibido durante mais de 70 anos. A 1 de Março de 1989 voltou a ser autorizado! Das várias marcas, a Gull é talvez a mais conhecida. Preparem-se para pagarem cerca de 10€ por uma imperial!

Brennivín é a bebida nacional, um género de aguardente produzida com polpa de batata fermentada e cominhos, sendo a bebida que tradicionalmente acompanha o Kæstur hákarl.

Sair à noite para beber um copo, aconselho vivamente o Kaldi bar, localizado na Laugavegur, uma zona em que as noites de Sexta feira e Sábado são muito animadas. Serão muito bem recebidos pelo Georg, um Brasileiro que adotou a Islândia como a sua segunda pátria!